Então há vida além do meu umbigo?
"Quando tinha oito anos, voltei da escola certa manhã fingindo que estava muito doente. Mamãe foi condescendente comigo. Fez-me vestir o pijama, levou-me para o sofá na sala de visitas e cobriu-me com uma manta. Sabia que eu tinha voltado para monopolizar sua atenção na ausência de papai e de minhas duas irmãs. Talvez tivesse ficado feliz de ter alguém lhe fazendo companhia durante o dia. Fiquei lá deitado até o fim da tarde e a observei enquanto trabalhava, apurando os ouvidos quando ela ia para outras partes da casa. Impressionou-me o fato óbvio de sua vida independente. Ela continuava a existir mesmo quando eu estava na escola."
Trecho do romance O Jardim de Cimento, de Ian McEwan, traduzido por Jorio Dauster
Trecho do romance O Jardim de Cimento, de Ian McEwan, traduzido por Jorio Dauster
3 Comentários:
puxa, lembro da engraçada identificação com essa passagem quando eu li.
o melhor ainda está por vir.
Isso é bonito demais, né? Quando se descobre isso! Que há vida além de nós!
Eu me lembro bem de um momento com esse. E é tanto elucidativo quanto doloroso.
Depois de perceber pela primeira vez este fato, só o experimento num circulo de atenção cada vez maior... Minha mãe, meus irmãos, as plantas do jardim, o lixo, as estrelas, numa coreografia silenciosa ..
Postar um comentário
Comente aqui!
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial