O impossível carinho
"Meu vô Laco era branco e leve, sentado à porta. Respirava baixo. Tinha nos olhos
resto de espanto: era cego. E no cegar sequer sabia a gente, na cadeira anoitecia, quieto, quieto, entre galinhas e sapos. (...) Era plácido também; inimigo do vento. Às vezes quis falar-lhe, dizer verso, dizer: vô Laco, o senhor lembra que são bonitas as galinhas? Dizer: vozinho, quer que eu te conte essa figura de revista? Não disse. Meu vô Laco era perecível. A gente ficava sem jeito de amá-lo."
Trecho de Açúcar, conto de Ana Santos
resto de espanto: era cego. E no cegar sequer sabia a gente, na cadeira anoitecia, quieto, quieto, entre galinhas e sapos. (...) Era plácido também; inimigo do vento. Às vezes quis falar-lhe, dizer verso, dizer: vô Laco, o senhor lembra que são bonitas as galinhas? Dizer: vozinho, quer que eu te conte essa figura de revista? Não disse. Meu vô Laco era perecível. A gente ficava sem jeito de amá-lo."
Trecho de Açúcar, conto de Ana Santos
3 Comentários:
e onde se pode ler esse conto? qual o nome do livro? e sobre a autora?
caro Anônimo,
o conto em questão é inédito. sua autora, uma guria de Porto Alegre, ainda não publicou nenhum livro. ela está dando agora os primeiros passos na carreira de escritora. por conta de uma oficina literária muito requisitada, a de Assis Brasil, o Rio Grande do Sul costuma descobrir e lançar jovens talentos das letras. gente como Daniel Galera, Michel Laub e Carol Bensimon saíram dessa oficina. Ana Santos também é egressa das aulas de Assis Brasil.
um abraço
Armando
será que, pedindo com carinho, a ana deixa ler o conto todo?
Postar um comentário
Comente aqui!
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial