Só conseguimos amar as ideias?
"Os homens não amam aquilo que cuidam que amam. Por quê? Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima vidros, cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama e não defeitos. Cuidais que amais diamantes de firmeza, e amais vidros de fragilidade; cuidais que amais perfeições angélicas, e amais imperfeições humanas. Logo, os homens não amam o que cuidam que amam. Donde também se segue que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as coisas, não como são, senão como as imaginam; e o que se imagina, e não é, não o há no mundo."
Trecho do Sermão do Mandato, de Padre Antônio Vieira
Trecho do Sermão do Mandato, de Padre Antônio Vieira
2 Comentários:
Acho q entendo o q Padre Vieira quer alertar em relação às nossas ilusões sobre os significados nas nossas vidas. Mas, no final, acabamos amando, mesmo por via indireta, os vidros e os defeitos, o q já é alguma coisa, não é?
Rosely.
Então não amemos ou não pensemos?
Mestres se seguem...
"O que nós vemos das coisas são as coisas.
Porque veríamos nós uma coisa se houvesse outra?
Porque é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
Percebemos demais as cousas — eis o erro e a dúvida.
O espelho reflete certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo.
Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender"
Trechos intercalados de poemas de Alberto Caeiro
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